segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

festa

Achei essa imagem sensacional aqui
Hoje eu me peguei imaginando uma de nossas conversas às três horas da tarde de uma quinta-feira. Depois de comer no primeiro café que encontrássemos pela frente, nós iríamos até a praia, aonde você sairia correndo pela areia fofa da praia e, sorrindo muito, se viraria pra mim, sem parar de correr e falaria muito alto: "A vida é uma festa, uma grande festa!". E eu sorriria de volta, não por concordar, mas sim por achar a sua ingenuidade a coisa mais peculiar e interessante do mundo.
Apesar do encanto pela cena, eu murmuraria de volta, meio sem querer que você ouvisse, que a vida não é uma festa. Que a vida real, de gente de carne e osso, não é uma festa. Então me sentaria silenciosamente na areia, com um sorriso discreto de, como diz Clarice Lispector, felicidade clandestina, só pra te ver passar sorrindo pro céu. Ao me ver te observando, você se sentaria ao meu lado,  me daria um tapinha no ombro, como quem está despreocupado; mas o sorriso momentaneamente afetado pela minha chatice. "O que foi?", pergunta a qual eu responderia com minhas teorias humanistas, pacifistas e feministas. "Istas" demais.
Agora, olhando essa cena de fora, me sinto ridícula. Eu queria ter percebido, naquele segundo, que os mendigos miseráveis e os órfãos errantes, as crianças famintas na África, as vítimas de preconceito, os injustiçados e renegados, os que procuram uma razão pra viver... Eu queria ter percebido que todos eles, se te conhecessem, meu bem, se te vissem caminhar na praia sorrindo para os quatro cantos do mundo... Eles sorririam., porque algumas pessoas, algumas sensações, alguns momentos, inevitavelmente, fazem a vida merecer ser vivida.
Por isso, eu tento, cada vez mais, trazer um pouco mais de você e um pouquinho menos de mim. E juro que consigo. Até já vejo o mundo como uma festa... Uma festa bem diferente da sua, é verdade, mas que nem por isso deixa de ser.

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